ACESSUAS TRABALHO PODERÁ EXPANDIR POSSIBILIDADES DE INVESTIMENTOS
Além do Pronatec, os municípios que participam do ACESSUAS Trabalho poderão investir os recursos do cofinanciamento do Programa em outras ações igualmente voltadas à mobilização e qualificação para o trabalho. A proposta, apresentada pela Câmara Técnica de Avaliação do ACESSUAS, começou a ser debatida pelos gestores municipais e estaduais na Reunião da CIT de 6 de abril e deverá ser formatada e apresentada na próxima Reunião, em maio, para avaliação e aprovação.
De acordo com a Câmara Técnica, o ACESSUAS Trabalho é uma ação exitosa, qualifica os benefícios e serviços do SUAS com resultados positivos e número expressivo de usuários da Assistência Social inseridos na qualificação profissional e deve ser mantido como um Programa Socioassistencial, mas não vinculado exclusivamente ao Pronatec, uma vez que foi extinto em 2015 o Pronatec Brasil Sem Miséria (BSM).. A ideia seria ampliar as possibilidades de aplicação dos recursos, garantida a qualidade dos cursos, adequação à inclusão no mundo do trabalho e monitoramento, explicou Léa Lúcia Cecílio Braga, diretora do Departamento de Proteção Social Básica do MDS, que expôs o trabalho da Câmara Técnica aos gestores.
De 2012, quando o ACESSUAS foi instituído, até hoje, 1.557 municípios que aderiram ao Programa receberam o cofinanciamento federal. Nesse período, foram repassados R$ 240,9 milhões, dos quais R$ 134,2 milhões executados, permanecendo nas contas dos municípios um saldo de R$ 89,5 milhões. Ao todo, 1086 municípios têm algum saldo, sendo que 471 têm menos de R$ 5 mil, 169 possuem saldo entre R$ 5 mil a R$ 15 mil, 571 têm valores entre R$ 15 mil a R$ 60 mil reais e 346 municípios acima de R$ 60 mil. A proposta da Câmara Técnica é manter os recursos repassados para que os municípios concluam os ciclos de ações que já iniciaram e aqueles com valores maiores que R$ 5 mil contem com assessoria técnica dos estados para sua utilização.
Para o presidente do FONSEAS, André Quintão, é preciso fazer esforços pela aplicação dos recursos: "Não podemos deixar os recursos parados, precisamos garantir que sejam investidos com resultados que casem proteção social e geração de oportunidades", defendeu. O ACESSUAS foi instituído por Resolução do CNAS em 2012 e a Câmara Técnica por Resolução da CIT nº 5/2012, para avaliação e proposição das metas anuais.
Continuam os esforços para
atualização do CadÚnico
O processo de revisão e de averiguação cadastral do CadÚnico previsto para 2016 foi apresentado pelo Secretário Nacional de Renda de Cidadania (Senarc) do MDS, Tiago Falcão, aos gestores estaduais e municipais durante a reunião da CIT. Ele participou do "Seminário Internacional Integração de Base de Dados e Sistema de Informação: aperfeiçoamento de políticas públicas", realizado em Brasília nos dias 5 e 6, e destacou a importância da integração entre o Cadastro Único e as políticas sociais para a melhoria do atendimento ao cidadão.
A Revisão Cadastral é anual, verifica as informações somente de famílias beneficiárias de programas sociais e convoca aquelas que estão com seus cadastros desatualizados há mais de 24 meses para atualizar ou revalidar os dados do Cadastro Único. Já a Averiguação Cadastral é sistemática e periódica das informações dos cadastros atualizados, para tratar inconsistências identificadas por meio da ação conjunta da Senarc com as gestões municipais e do Distrito Federal.
Segundo o secretário, além da averiguação cadastral dos beneficiários do Programa Bolsa Família, outros dois programas devem concentrar os esforços desse trabalho em 2016: o público do Programa de Tarifa Social de Energia e o público do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que já tem um número expressivo no CadÚnico e deve ser ampliado. No total, serão 7 milhões de famílias convocadas, beneficiária e não beneficiárias, de forma escalonada para reduzir o impacto de demandas nos municípios, e com prioridade para registros mais inconsistentes.
O secretário apresentou, também, os números da Revisão Cadastral de 2015 e elogiou os resultados. "Foi um esforço gigantesco e quero dar os parabéns a todos que participaram". A revisão, em 2015 alcançou quase 80% de 1,9 milhão de beneficiários do Bolsa Família,atualizando o cadastro de 1,4 milhão. Dessas, deixaram o Programa 343 mil famílias e não foram atualizadas 467 mil, perfazendo o cancelamento de 810 mil famílias.
Contratação de trabalhadores do SUAS com recursos do cofinanciamento federal
Na reunião da CIT, o diretor de Gestão do SUAS, Jose Crus, fez uma apresentação da situação de contratação de recursos humanos do SUAS e das normativas vingentes, inclusive sobre as categorias profissionais que devem compor as equipes de referência e as possibilidades e limites dos municípios no uso do cofinanciamento federal para a contratação dos trabalhadores.
Ele citou que a NOB-RH/SUAS (2006) estabeleceu a composição obrigatória das equipes de referência, de acordo com os níveis de proteção e seus respectivos serviços, indicando as categorias profissionais de nível superior, médio e fundamental.
De acordo com o Censo SUAS 2015, dentre os 5.500 municípios que responderam, 3.783 informaram que utilizam parte dos recursos do cofinanciamento federal para o pagamento dos recursos humanos, ou seja, 68,7% dos municípios.
A demanda existente é de flexibilização do montante de recursos que pode ser utilizado para esse fim, limitado hoje a 60% . O tema será debatido com mais profundidade na próxima reunião da CIT. O presidente do FONSEAS, André Quintão, alertou para o problema de corte de recursos na área social e sua repercussão nos serviços e programas em curso na Política de Assistência Social, que não podem ter sua qualidade afetada. Para ele, é importante incentivar a contratação dos profissionais. "O trabalhador do SUAS é um elemento estratégico do serviço socioassistencial, um fator chave para o bom funcionamento dos CRAS e CREAS", afirmou.
Carta do Nordeste em defesa da democracia
Encerrando a Reunião da CIT, Wanda Anselmo, da diretoria do Congemas, leu a "Carta do Nordeste", aprovada no Encontro Regional do Congemas- Nordeste – em Natal (RN) nos dias 28 e 29 de março, que trata da preocupação do colegiado com a atual crise política brasileira e a possibilidade do retrocesso da política assistencial no Brasil. "Esta crise política está arraigada na defesa do estado mínimo e no conservadorismo", afirma a Carta, destacando em seguida: "Democracia é o sistema político em que se busca a justiça, a igualdade, a fraternidade e a ampliação de direitos para aqueles e aquelas que foram historicamente marginalizados e excluídos. Nesse contexto, a Política de Assistência Social, atualmente operacionalizada pelo SUAS, configurado como pacto republicano e patrimônio do povo brasileiro, construído coletiva e democraticamente no curso dos 10 últimos anos, representa uma significativa conquista na perspectiva do acesso aos direitos sócio-assistenciais".
Clique aqui para ler a íntegra da Carta
|